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História da Cachaça

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Mensagem  Mestre da Culinária Sex 07 Mar 2008, 17:42

A História da Cachaça




A nossa aguardente, a Cachaça, é produzida a partir da cana-de-açúcar através da destilação da garapa fermentada, obtendo-se daí variados tipos de álcoois, entre eles, o etílico, que é a aguardente. O Teor alcoólico deve ficar entre 38 e 54 graus.

As primeiras aguardentes

As primeiras notícias sobre fermentação vieram do Egito Antigo. Os egípcios inalavam vapores de líquidos fermentados diretamente do bico da chaleira, com o intuito de curar moléstias. No entanto, os gregos chegaram primeiro ao processo de obtenção da "ácqua ardens", a água que pegava fogo ou água ardente. Daí, a receita foi parar com os alquimistas que viram, na bebida, propriedades medicinais e místicas. Chegou a ser chamada de "Água da Vida". A "Eau de Vie" ou seja, o Elixir da Longevidade.

A novidade foi primeiramente para a Europa e Oriente Médio. Foram os árabes que inventaram o processo de destilação semelhante ao atual. A tecnologia então se espalhou pelo mundo. Utilizando porém, cada país, uma matéria prima diferente. Na Itália, a uva para fazer o Grappa; na Alemanha, a cereja para o kirsch; na Escócia a cevada (ou o milho) para o Uísque (Whisky); na Rússia o centeio para a Vodka; no Japão e na China, o arroz para o Sakê; em Portugal, a uva para a Bagaceira.

Cachaça - a aguardente à moda brasileira

Foram os portugueses que trouxeram para o Brasil a nossa matéria prima, a cana-de-açúcar, quando aqui estabeleceram os primeiros núcleos de povoamento e implantaram a agricultura. Os lusitanos já tomavam e gostavam da Bagaceira.

Tudo começou entre 1532 e 1548, na Capitania de São Vicente, quando foi descoberto, por acaso, o "vinho" da cana-de-açúcar. Melhor dizendo, a garapa azeda da cana. Essa garapa, vinha dos engenhos de rapadura e ficava ao relento, em cochos de madeira, servindo apenas de alimento para os animais. Assim, fermentava com facilidade. Alguém provou e notou que era melhor do que o cauim, dos índios, uma bebida anti-higiênica, produzida com o emprego de cuspe para facilitar a fermentação do milho (ou mandioca). O Caldo azedo, com o nome Cagaça, passou então a ser fornecido aos escravos para que pudessem suportar melhor a pesada carga de trabalho nos canaviais. Logo, porém, tiveram a idéia de destilar a cagaça e nasceu assim, a cachaça.

As primeiras destilarias de cachaça (do século XVI ao XVII) eram denominadas de "casas de cozer méis" e logo se multiplicaram, pela facilidade de já existirem engenhos para produção de açúcar e rapadura. A novidade foi tão apreciada que se tornou moeda corrente entre os escravos.

A Corte tentou, várias vezes, proibir o consumo (em1635) e até a fabricação (em1639) da cachaça, mas não conseguiu. O motivo, logicamente era a concorrência com a Bagaceira. A bebida já era muito apreciada e servia também para abrandar o frio, sobretudo nas baixas temperaturas como as da Serra do Espinhaço em Minas Gerais, onde uma grande população se aglomerou em busca de ouro.

Em 1756, não tendo tido êxito, na proibição da fabricação e muito menos do consumo, o Rei de Portugal resolveu taxar a nova bebida. A aguardente de cana-de-açúcar foi, nessa época, um dos produtos brasileiros que mais contribuíram com impostos. Esses recursos foram fundamentais para a reconstrução de Lisboa, abalada por um violento terremoto no ano anterior. A Aguardente brasileira foi assim, um símbolo de resistência à dominação portuguesa.

Logo melhoram as técnicas de produção. A Cachaça era exaltada por todos como uma ótima bebida e consumida até em banquetes palacianos. Misturada ao gengibre e outros ingredientes, era apreciada também nas festas religiosas portuguesas com o nome de Quentão.

Quando se iniciou a economia cafeeira, a implantação da república e a abolição da escravatura, a nossa cachaça passou a ser vítima de um preconceito irracional.

Em 1922 no entanto, com a Semana da Arte Moderna, a cachaça ganhou novamente o reconhecimento que merecia. Outras invenções brasileiras, como o samba e a feijoada fizeram parte do resgate do brasileirismo.

Bebida internacional

A cachaça ainda hoje luta com algum preconceito, mas muito pouco. Atualmente, várias destilarias, em todo o país, produzem cachaças de excelente qualidade como a Ypioca, no Ceará, a Pitu, em Pernambuco e muitas outras por todo o Brasil. São centenas, talvez milhares de marcas. (Minas, Ceará e Pernambuco, possuem juntos mais de mil marcas). Muitas com controle de qualidade e embalagens dignas do melhor uísque. Tal empenho dos fabricantes, abriu o comércio internacional e a nossa cachaça ganhou o mundo. Agora se pode pedir uma dose de Ypioca num vôo internacional com a maior naturalidade.
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